O gaúcho Murilo Endres foi escolhido para a abertura da seção Ação na edição de estreia de GQ e isso não foi uma casualidade. Confira edição de abril e aproveite a entrevista exclusiva para GQ Online
FONTE: Por Wilson Weigl
FONTE: Por Wilson Weigl
Na opinião de Bernardinho, técnico da Seleção, Murilo é um jogador completo, versátil, polivalente. “Quando ganhei o prêmio de melhor jogador no Mundial, ele fez uma declaração sobre mim que achei muito bacana”, lembra o jogador. “Ele disse: ‘O Murilo pode não ser o melhor atacante, mas ataca como ninguém; não é o melhor sacador, mas saca como ninguém’. Então acho que minha maior qualidade é ser completo em todos os fundamentos.
Como você se relaciona com a vitória ou a derrota? É daqueles jogadores que não dormem quando perdem?
Melhorei bastante em relação a aceitar as derrotas. Mas ainda não consegui 100%. Às vezes, a gente perde porque o time adversário joga melhor e ponto final. Mas quando acho que meu desempenho foi ruim, custo para conseguir dormir. As coisas ficam martelando na cabeça a noite inteira e só vou pegar no sono às 4, 5 horas da manhã. Hoje, para evitar esses pensamentos recorrentes, vou jogar videogame, navegar na internet, tentar não me deixar dominar.
Melhorei bastante em relação a aceitar as derrotas. Mas ainda não consegui 100%. Às vezes, a gente perde porque o time adversário joga melhor e ponto final. Mas quando acho que meu desempenho foi ruim, custo para conseguir dormir. As coisas ficam martelando na cabeça a noite inteira e só vou pegar no sono às 4, 5 horas da manhã. Hoje, para evitar esses pensamentos recorrentes, vou jogar videogame, navegar na internet, tentar não me deixar dominar.
Você se motivou a jogar vôlei por causa do seu irmão?
A gente fazia muito esporte quando era criança. Morávamos numa casa e tinha um terreno do lado. Meu pai jogava bolão (uma modalidade de boliche de origem alemã, bastante praticada no Sul do Brasil) e sempre nos incentivou a fazer atividade física. Mas quem puxou a gente mesmo para o lado do vôlei foram nossos tios, que eram apaixonados pelo esporte e jogam até hoje. No final de semana, um deles montava a rede no terreno e a gente ia jogar.
A gente fazia muito esporte quando era criança. Morávamos numa casa e tinha um terreno do lado. Meu pai jogava bolão (uma modalidade de boliche de origem alemã, bastante praticada no Sul do Brasil) e sempre nos incentivou a fazer atividade física. Mas quem puxou a gente mesmo para o lado do vôlei foram nossos tios, que eram apaixonados pelo esporte e jogam até hoje. No final de semana, um deles montava a rede no terreno e a gente ia jogar.
Você chegou a levar a sério algum outro esporte além do vôlei?
Eu jogava bastante futsal lá em Passo Fundo. Cheguei a treinar dois dias futsal e dois dias vôlei. Mas chegou um momento, quando eu tinha 10 ou 11 anos, em que os jogos do futsal começaram a coincidir com os do vôlei. Daí, tive de escolher. E, por sorte, escolhi o vôlei.
Eu jogava bastante futsal lá em Passo Fundo. Cheguei a treinar dois dias futsal e dois dias vôlei. Mas chegou um momento, quando eu tinha 10 ou 11 anos, em que os jogos do futsal começaram a coincidir com os do vôlei. Daí, tive de escolher. E, por sorte, escolhi o vôlei.
Seu porte físico contribuiu para a opção?
Acho que sim… No futsal, eu era zagueiro, meio chutão para a frente (risos).
Seu irmão abriu caminho para você na carreira?
Gustavo abriu muitas portas para mim, sem dúvida. Ele chegou em São Paulo por volta de 1993 para fazer a famosa peneira do time do Banespa e daí só cresceu. Imagine ele, garoto, desembarcando sozinho na Rodoviária do Tietê, vindo de uma cidadezinha do interior gaúcho… Na sequência, foi convocado para a Seleção juvenil e, depois, para a adulta. Quando o Gustavo começou a se destacar, coloquei na minha cabeça que era algo que eu também queria. Quando fiz 17 anos, meus pais deixaram que eu viesse a São Paulo para tentar a peneira. Meu irmão já jogava no clube, mas não digo que foi isso que me facilitou a vida. Foram questões mais práticas, como poder ficar hospedado na casa dele, coisas assim.
Gustavo abriu muitas portas para mim, sem dúvida. Ele chegou em São Paulo por volta de 1993 para fazer a famosa peneira do time do Banespa e daí só cresceu. Imagine ele, garoto, desembarcando sozinho na Rodoviária do Tietê, vindo de uma cidadezinha do interior gaúcho… Na sequência, foi convocado para a Seleção juvenil e, depois, para a adulta. Quando o Gustavo começou a se destacar, coloquei na minha cabeça que era algo que eu também queria. Quando fiz 17 anos, meus pais deixaram que eu viesse a São Paulo para tentar a peneira. Meu irmão já jogava no clube, mas não digo que foi isso que me facilitou a vida. Foram questões mais práticas, como poder ficar hospedado na casa dele, coisas assim.
O Bernardinho elogia você como um jogador versátil, polivalente. Qual é a sua melhor qualidade na quadra?
Logo depois que ganhei o prêmio de melhor jogador no Mundial, o Bernardinho disse uma coisa sobre mim que achei muito bacana: ‘O Murilo pode não ser o melhor atacante, mas ataca como ninguém; não é o melhor sacador mas saca como ninguém’. Então acho que meu grande trunfo como jogador é ser completo em todos os fundamentos.
Logo depois que ganhei o prêmio de melhor jogador no Mundial, o Bernardinho disse uma coisa sobre mim que achei muito bacana: ‘O Murilo pode não ser o melhor atacante, mas ataca como ninguém; não é o melhor sacador mas saca como ninguém’. Então acho que meu grande trunfo como jogador é ser completo em todos os fundamentos.
Você é daquele tipo de atleta que quer sempre se superar? Querer sempre evoluir, em técnica, tática e condicionamento físico, é uma característica de todo competidor, mas alguns levam isso às últimas consequências. Como você encara esse desafio?
Não tenho essa obsessão de querer ser o melhor. No ano passado foi a primeira vez que ganhei um título individual, e vieram três de uma vez. Acho que ganhar um prêmio é conseqüência do que acontece na quadra, do desempenho do grupo numa competição. Mas tenho consciência de que não sou um jogador muito alto, então preciso me esforçar para ser melhor do que outros em alguns fundamentos.
Não tenho essa obsessão de querer ser o melhor. No ano passado foi a primeira vez que ganhei um título individual, e vieram três de uma vez. Acho que ganhar um prêmio é conseqüência do que acontece na quadra, do desempenho do grupo numa competição. Mas tenho consciência de que não sou um jogador muito alto, então preciso me esforçar para ser melhor do que outros em alguns fundamentos.
Quais são os seus ídolos?
Sempre me espelhei muitos nos jogadores da minha posição: Giba, Giovanni, Tande, Nalbert e Dante. O Giba sempre foi um modelo para mim, porque ele tem a minha altura e sempre se destacou no meio dos gigantes.
Sempre me espelhei muitos nos jogadores da minha posição: Giba, Giovanni, Tande, Nalbert e Dante. O Giba sempre foi um modelo para mim, porque ele tem a minha altura e sempre se destacou no meio dos gigantes.
Ídolos fora do vôlei?
Eu era fã do Ayrton Senna. Lamentei demais quando ele morreu. Lá em casa, domingo era dia de F-1.
Eu era fã do Ayrton Senna. Lamentei demais quando ele morreu. Lá em casa, domingo era dia de F-1.
Qual foi até agora o momento mais legal da sua carreira?
Ganhar o Campeonato Mundial juvenil em cima da Rússia, em 2001, quando eu ainda estava começando a me profissionalizar. Num segundo momento, foi realizar o sonho de disputar uma Olimpíada, em 2008 em Pequim. Foi tudo que eu tinha imaginado, e muito mais. O clima olímpico dentro da Vila é maravilhoso. Você conhece atletas do mundo inteiro, de todos os esportes, cruza com astros que só tinha visto na TV.
Ganhar o Campeonato Mundial juvenil em cima da Rússia, em 2001, quando eu ainda estava começando a me profissionalizar. Num segundo momento, foi realizar o sonho de disputar uma Olimpíada, em 2008 em Pequim. Foi tudo que eu tinha imaginado, e muito mais. O clima olímpico dentro da Vila é maravilhoso. Você conhece atletas do mundo inteiro, de todos os esportes, cruza com astros que só tinha visto na TV.
Qual sua opinião sobre o episódio do jogo Brasil contra a Bulgária, no Mundial do ano passado? (Para passar para uma chave mais fácil, e não pegar a Rússia e a Sérvia, a seleção brasileira entrou com reservas na quadra e deixou a Bulgária vencer por 3 sets a 0. A torcida ficou irritada e virou as costas para a quadra).
Nosso time já estava classificado para a fase seguinte e o jogo não valia nada. Estávamos desfalcados de um levantador, e o Bernardo quis me poupar, pois eu estava com problemas de panturrilha. A gente sabia que o público ia reagir mal. Mas ninguém fala que o time da Bulgária também era reserva, que os jogadores titulares não estavam nem no banco, assistiram o jogo da arquibancada. Acho que nossa decisão foi certa, mas as pessoas interpretam da maneira que quiserem. Para ganhar um Mundial não adianta escolher adversário.
Nosso time já estava classificado para a fase seguinte e o jogo não valia nada. Estávamos desfalcados de um levantador, e o Bernardo quis me poupar, pois eu estava com problemas de panturrilha. A gente sabia que o público ia reagir mal. Mas ninguém fala que o time da Bulgária também era reserva, que os jogadores titulares não estavam nem no banco, assistiram o jogo da arquibancada. Acho que nossa decisão foi certa, mas as pessoas interpretam da maneira que quiserem. Para ganhar um Mundial não adianta escolher adversário.
O que você planeja fazer depois que abandonar a quadra?
Sei lá, de repente vou ser treinador. Mas se pudesse, jogava até os 50.
Sei lá, de repente vou ser treinador. Mas se pudesse, jogava até os 50.
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