Fonte: Blog Bruno Voloch
A seleção feminina se apresenta em Saquarema para a última fase de treinamentos antes do campeonato mundial do Japão. Em entrevista ao blog, o treinador José Roberto Guimarães, disse que vai esperar até a data limite pela recuperação de Paula Pequeno, afirmou que Jaqueline é uma das jogadoras mais importantes na atualidade, criticou os métodos de classificação para o Grand Prix e pediu paciência e carinho com as levantadoras Dani Lins e Fabíola. Segundo Zé Roberto, para ser campeão mundial, o Brasil terá que ser versátil e não contar somente com 06 jogadoras.
Você consegue encontrar alguma explicação para os casos da Mari e da Paula?
Não. Mas também não acho que tenha sido mau-olhado em relação às jogadoras. Simplesmente aconteceu. Foi realmente muita falta de sorte perder duas atletas tão importantes na fase final de um campeonato tão difícil como o Grand Prix.
Você acha que a Paula estará no mundial?
A Paula sempre foi uma guerreira e espero que sim. Geralmente ela se recupera antes do tempo previsto, essa é a nossa esperança. Mas vou esperar pela Paula até o último momento, ou seja, a nossa data limite. Se der, ótimo, caso contrário vamos valorizar o grupo que representará o Brasil.
E como foi a perda da Mari? O que significa?
A Mari é uma jogadora espetacular e foi uma perda enorme. Mas precisamos aprender a nos preocupar com o ser humano Mari primeiramente e não com a jogadora Mari. Minha preocupação sempre foi a integridade física dela e de qualquer outra jogadora. Ela é jovem e vai dar a volta por cima, tenho certeza. Tinha muita esperança que ela não tivesse rompido, mas agora é se concentrar na recuperação dela e a Mari estará sempre com a gente.
Sem a Mari e não podendo contar com a Paula você vai escalar a Natália?
A Natália já está sendo preparada faz tempo. Engana-se quem pensa que ela não treina passe na seleção. Ela e a Joycinha sempre treinou passe e vão continuar treinando. A Natália tem um potencial espetacular e se for escalada vai dar conta do recado. Mas não podemos jogar a responsabilidade e toda a carga de um mundial em cima dela. Isso seria injusto e prejudicial para a atleta.
A Jaqueline seria a outra ponteira?
Sim. A Jaqueline é uma jogadora fundamental no esquema da seleção. Ela foi muito bem no ataque, dá volume de jogo e equilíbrio no passe.
O que esperar da Fernanda Garay?
Espero que ela possa se dedicar e aproveitar a chance de treinar novamente na seleção. Nós conhecemos a Fernanda que esteve com a seleção no ano passado, mas agora as circunstâncias são diferentes. O tempo é curto e não daria para observar mais jogadoras, por isso a Fernanda foi chamada.
Quais os fundamentos que a seleção precisa evoluir para o mundial?
A defesa. Precisamos defender mais no mundial. Mas no geral, penso que a seleção foi bem no Grand Prix. O que vamos precisar entender é que todas as jogadoras são importantes e precisam estar preparadas para jogar. Não se ganha o mundial com 6 atletas e na seleção vai jogar quem estiver melhor.
Porque você diz isso?
Li que você escreveu que a Natália rende mais quando começa jogando e não quando entra durante as partidas. Não pode e não será assim. A jogadora precisa render o mesmo jogando de cara ou substituindo uma companheira. Imagina se eu só puder contar com atletas que joguem desde o início? Não dá. Isso não existe. Quero e preciso ter um grupo versátil nas mãos e as jogadoras podendo ser aproveitadas em diversas posições, duas pelo menos. A jogadora precisa brigar para ser titular e não se acomodar.
E o que existiu de verdade sobre a volta da Fofão?
A Fofão teve a chance de voltar e não quis. Hoje não daria mais. Estaria indo contra os meus princípios.
Por falar em levantadora quem é a titular no momento?
A Fabíola está um degrau acima. A Dani precisa correr atrás e não que ela esteja desmotivada, pelo contrário. Mas é uma briga leal e dentro de quadra. Fora de quadra as duas se ajudam bastante e uma incentiva a outra. Se não gostasse da Dani como muitos dizem, não teria convocado.
E porque a Fabíola é titular então?
Como disse antes, ela está um pouco na frente da Dani apenas. A Fabíola subiu muito de produção, tem força de vontade e tem a incrível capacidade de chegar de toque em todas as bolas. É raro ver a Fabíola levantar de manchete. Poucas vezes vi uma levantadora chegar tão inteira nas bolas e ela tem essa vantagem. A seleção e especialmente as duas levantadoras necessitam de muito carinho e a gente precisa ter paciência com elas.
E a história do 'apadrinhamento' da Fabíola?
Você me conhece e sabe que isso não acontece. O Paulo Coco e o Claudinho são importantes na comissão, me ajudam bastante, mas a decisão é minha. Jamais colocaria uma jogadora para jogar por 'apadrinhamento'. Fico triste que ex-jogadoras pensem assim.
O que você achou da convocação da Carolina Costagrande na Itália?
Ótimo para elas. Trata-se de uma bela jogadora, quase completa. Certamente a Itália ficará ainda mais forte com a presença dela em quadra.
E quem sai para ela jogar?
A Piccinini.
Você fez várias críticas ao Grand Prix. Pensa em jogar ano que vem?
Sim, mas muita coisa precisa mudar. Não dá para jogar 5 jogos em 5 dias, isso é desumano com o atleta. E outra coisa. O nosso classificatório para o Grand Prix tem que ser jogado na América do Sul e não na Copa Pan-Americana. O Brasil faz parte da América do Sul. Esse tal de Cristóbal da Norceca e da República Dominicana pensa que manda e desmanda, mas não será assim com o Brasil. Ele que nos trate com mais respeito. Se tiver que jogar com juvenil novamente, vamos jogar. Até que eles mudem esse critério absurdo de nos colocar na América Central.
Nenhum comentário:
Postar um comentário