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terça-feira, setembro 08, 2009

José Roberto Guimarães se preocupa com futuro de Natália, fala da situação de Dani Lins e afirma que futuro da seleção masculina é bem mais tranqüilo.

Essa semana a seleção feminina vai brigar por mais um título na temporada 2009. O Brasil jogará o Final Four contra Peru, Estados Unidos e República Dominicana. A seleção será dirigida pelo assistente técnico Paulo Cocco, já que Zé Roberto ficará em Saquarema treinando as “intocáveis” para o sul-americano no fim do mês. Nessa entrevista ao blog, Zé Roberto fala do desempenho da levantadora Dani Lins no Grand Prix, das futuras experiências que vai fazer, afirma que Natália é hoje titular da seleção brasileira, explica em que condição Paula Pequeno retorna ao grupo e comenta sobre a ausência de Jaqueline. Além disso, diz que o caminho da seleção feminina não será assim tão fácil e que a seleção masculina sim, tem “caminho livre” pela frente.

Blog: Como foi o desempenho da Dani Lins?

Zé Roberto: Ela sabia da responsabilidade que teria de substituir a Fofão e não é fácil. A Dani Lins me surpreendeu em alguns aspectos. Mostrou muita atitude, é uma levantadora de ótimos gestos e sempre disposta a aprender. Simples e com uma humildade incrível.

Você diria que ela está pronta?

Lógico que não. Ela tem muita ainda para evoluir, mas se mostra disposta a isso.Ela por exemplo precisa parar de se preocupar em “arrumar” de mais a bola de casa atacante.As vezes não dá para levantar na pinta e as jogadoras de ataque precisam se virar.A Dani tem a preocupação de ficar se desculpando o tempo inteiro e não é assim. Ela ainda vai aprender a distribuir melhor as bolas e não “respeitar“ demais certas atacantes.

Hoje a Dani é titular da seleção?

Sim de momento, mas definitivo não. Mas ela está no caminho certo. E olha que nosso passe foi ruim durante o Grand Prix e a Dani sofreu para arrumar essa situação.

E o que dizer então da Ana Tiemi?

A Ana fez o que deveria ser feito. Ela é muito inteligente, acima da média.Tem uma bola de primeiro tempo muito boa, velocidade de mão que me impressionante, além de bloquear com muita eficiência e defender bem.

Porque você convocou então a Fabíola e não a Fernandinha?

É o processo natural e avisei que faria isso. A Fabíola terá a chance dela agora no final four. Tem habilidade e precisa aproveitar a oportunidade. Sobre a Fernandinha, acho que ela precisa confiar mais nas pessoas.

Como assim confiar nas pessoas ?

É simples. Essa história de que a levantadora vai fazer o que tiver na cabeça não é bem assim. Ela disse ( entrevista concedida ao blog ) que não gosta dos treinadores ao lado dela o tempo inteiro passando o que ela deve fazer. Concordo em parte. Mas se o técnico está do lado de fora observa melhor e é obrigado a ajudar a levantadora ou qualquer jogadora sim. as isso ela disse porque passou uma situação ruim com alguns profissionais e talvez tenha criado um trauma. Mas as portas estão ainda abertas, desde que ela entenda como vai funcionar.

A Sheilla disse ao blog que a Natália pode ser uma das melhores do mundo em breve. Você concorda?

Pode sim. A Natália tem muito talento, uma perna rápida demais e uma velocidade de reação fora do comum, poucas vezes vista no vôlei feminino. Ela tem os movimentos perfeitos, mas precisa aprimorar o passe e a defesa. Fora isso é muito forte fisicamente e tem um ótimo posicionamento de bloqueio.

O que falta ainda na Natália?

O vôlei brasileiro é carente de ponta passadora e se ela treinar muito passe será peça fundamental. Treinando a recepção e se continuar se dedicando a esse fundamento sem esquecer os demais, vai sem dúvida ser uma das melhores jogadoras do mundo em pouco tempo.

No clube ela joga de oposta e na seleção de ponta. Isso pode atrapalhar?

Sim e como. Preocupa demais. Se pudesse escolher, pediria para a Natália só jogar de ponta. Isso seria o ideal, mas o clube precisa dela na saída de rede, ou seja, é complicado. A Mari sofreu com isso e para a cabeça da jogadora isso não é bom mesmo. Complica. O que não pode é ela chegar em Osasco e parar de treinar passe só porque ela vai jogar de oposta. Aí ela se complica.

E o que você espera da Paula?

A Paula se mostrou interessada, me ligava para saber da programação. Ela está voltando de contusão, terá uma temporada dura na Rússia e precisa ser analisada.

A Paula hoje seria titular da seleção?

Não. Hoje a Natália seria a titular numa ponta e a Mari na outra.

Entre as 12 ela estaria então?

Só o tempo vai dizer, mas ela tem serviços prestados, porém preciso ver como ela vai voltar e com que espírito. Mas não posso esquecer a Sassá e sua importância dentro do grupo. Ela dá um equilíbrio muito grande no passe, saca bem e é uma alternativa de ataque diferenciada pela sua habilidade.

E a Jaqueline? Ela ficou de fora...

A Jaqueline é outro caso, outro assunto. Ela pediu para ficar de fora por causa de compromissos pessoais. Liberei sem problemas. Tem talento, mas vai precisar correr atrás e esse ano provavelmente não volta mais.

Os especialistas dizem que o Brasil ganhou o Grand Prix com tranqüilidade. O que você acha?

Não é bem assim. Ganhamos no sufoco, mas com méritos. Foi um Grand Prix muito desgastante em todos os aspectos, especialmente no físico. Mas não estamos tão assim na frente das outras seleções como vocês dizem.

Quais as seleções que podem jogar de igual para igual com o Brasil?

A Rússia vai incomodar muito, pode escrever. A Gamova está jogando bem novamente, e existem duas jogadoras muito fortes tecnicamente. A Kosheleva e a Makarova. Vai sempre ser um adversário duríssimo. Ganhamos delas como poderíamos ter perdido. A Itália se passar nesse europeu vai estar na Copa do Mundo e certamente também vai dar muito trabalho. Rinieri, Picci, Aguero, Ortolani, enfim o time está muito forte, mais do que na Olimpíada de Pequim. Espere para ver. Isso sem falar na Holanda, Sérvia e a China.

E Cuba sumiu. Você sabe de alguma coisa?

Acho que o Fidel deu alguma ordem ou determinação para elas sumirem e a mídia não divulgar nada sobre a seleção. Fico preocupado. Quando elas voltam aparecem com novidades e surpresas desagradáveis. É bom ficar de olho.

A Fabi foi criticada nesse Grand Prix. O que aconteceu com ela?

Ela de fato poderia ter jogado melhor, mas esteve no nivel. A Fabi teve um problema no tornozelo sério e isso atrapalhou a vida dela no Grand Prix. Fora isso sem a Sassá e o esquema de jogo atual da seleção com a Mari e a Natália, ela fica muito sobrecarregada no passe. Precisa assumir de fato o fundo de quadra. Mas é uma menina de personalidade e que tem a confiança do grupo no momento.

E porque você não usou a Camila?

A Camila é muito jovem ainda e poderia queimar a jogadora. Mas tem futuro, sem dúvida. Precisa ser usada na hora certa, só isso.

Nossas centrais, Thaisa e Fabiana são as melhores do mundo hoje em dia?

Não gosto de as melhores do mundo. Acho que a Thaisa e a Fabiana estão entre as 5 melhores na atualidade.

Podemos ter novidades em breve na seleção?

Gostaria muito de poder ver a Ivna da seleção juvenil em ação, mas ela está se recuperando de uma operação no joelho. Essa Natália, meio do São Caetano é muito interessante. Vai dar trabalho. A Adenízia quando foi preciso entrou bem e deu conta do recado. Temos a Lia que é canhota, joga na saída de rede, bloqueia e saca um viagem muito bom. Vamos observar essas e outras meninas nesse final four.

E o que você pode falar sobre a masculina como amante do vôlei ?

É uma geração muito forte. Vejo em destaque o Vissoto, Lucas, Bruno e o Thiago Alves. Algumas seleções mudaram muito como os Estados Unidos. A Sérvia está com o time envelhecido e a Bulgária é sempre uma pedra no sapato do Brasil. Falam muito da Rússia, mas com o levantador atual não ganha do Brasil e campeonato nenhum. O Brasil não tem adversários de nível e caminho livre para renovar e ganhar.

O que você quer dizer com isso?

Que o caminho do masculino sem dúvida é bem mais fácil que o nosso. É só ver as dificuldades do Brasil na Liga Mundial e a nossa no Grand Prix. Os dois ganharam, mas nós tivemos muito mais dificuldades do que eles.


Por Bruno Voloch às 09h00

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